Chego à conclusão que as únicas crianças que tenho paciência para aturar são os meus três irmãos mais novos, e os meus dois sobrinhos (e que, visto deste prisma, já me parecem crianças a mais).
Estava muito bem a fazer xixi na casa-de-banho do Shopping, e começou a dar uma música dos MGMT que adoro. Como o meu mundo nunca é perfeito, entram duas crianças AOS BERROS a cantar algo como: Allllllllllllllllllllllll theeeeeeeeeeeee waaaaaaaaaaaaaayyyyyyyy tooooooo goooooooooooooo.
A coisa podia passar-me ao lado se elas tivessem cantado uma estrofe e se tivessem calado. Mas não calaram. Continuaram: Allllllllllllllllllllllll theeeeeeeeeeeee waaaaaaaaaaaaaayyyyyyyy tooooooo goooooooooooooo. Allllllllllllllllllllllll theeeeeeeeeeeee waaaaaaaaaaaaaayyyyyyyy tooooooo goooooooooooooo. Uma das minhas músicas preferidas estava a tocar, e eu não a conseguia ouvir por causa daquelas bestas.
"Que mal tem isso? Duas crianças a cantar é tão bonito. Transmite tanta paz."
Não, não transmite. Quando as crianças cantam mal, cantam alto de mais, cantam merda e cantam por cima de músicas que adoras, transmite é ódio, nada mais.
Saí da casa de banho e lá estavam duas crianças gordas, com as bochechas vermelhas e com a farda de um colégio privado da linha a rodopiar na casa de banho, histéricas, a cantar Allllllllllllllllllllllll theeeeeeeeeeeee waaaaaaaaaaaaaayyyyyyyy tooooooo goooooooooooooo. Allllllllllllllllllllllll theeeeeeeeeeeee waaaaaaaaaaaaaayyyyyyyy tooooooo goooooooooooooo.
Com faíscas a sair dos olhos aproximei-me do lavatório para lavar as mãos e fiz de tudo para que os nossos olhares se cruzassem.
Cruzaram.
Lancei-lhes o olhar 32.
De repente, fez-se silêncio.
Um dia mostro-vos o meu olhar 32.